Quando eu era criança, gostava de soltar pipa, de carrinho de rolimã, de iô-iô, de álbum de figurinhas. Gostava de subir em árvores para roubar goiaba do vizinho. De uma coisa eu não me lembro de ter gostado: De ler livros. Gostava muito de gibis, principalmente da Turma da Mônica, mas nunca me interessei pelos livros quando pequeno. Odiava ser obrigado a ler um determinado livro para uma determinada prova. Português era minha matéria mais odiada, embora a professora fosse muito legal. Cresci e vi o quão importante a leitura se tornou para a minha vida. Hoje posso afirmar com certeza que ler é meu hobbie preferido. Sinto falta de ler e todas as noites, mesmo com muito sono, ainda pego um livro para ler algumas poucas páginas até que meus olhos se dão por vencidos.
Esses dias estava conversando com um colega de trabalho, o qual comentava de um amigo seu que morava na Califórnia. Esse amigo tinha uma filha de seis anos, nascida lá nos Estados Unidos que cursava uma escola local. Existia uma biblioteca nessa escola que a cada livro lido o aluno ganhava o direito de fazer uma prova num dos cinco terminais de computador presentes em cada uma das salas de aula. Nesta prova, se o aluno acertasse 80% das perguntas sobre o livro que leu, ele acumulava um determinado número de pontos, que variava de acordo com a nota. de 80% a 100% de acertos. Esse número de pontos acumulados dava o direito a um broche, que os alunos pregavam em suas mochilas e isso lhes davam um certo “status” entre seus amiguinhos. A filha do amigo do meu colega estava lendo muito para tentar alcançar um outro broche com um nível superior ao que ela já possuía. Em um ano a menina leu mais de cem livros. Uma menina de seis anos, vale lembrar.
Pergunto-me por que será que aqui no Brasil as escolas, tanto particulares quanto públicas, não aplicam um determinado estímulo para a leitura. Imagino que o custo de um broche e um sistema com perguntas e respostas para o aluno não deve ser algo tão caro assim. É evidente que sem estímulo, não haverá leitura. Eu roubava goiaba pelo desafio, assim como soltava pipas pela diversão e competição. Gerava em mim um objetivo claro e uma recompensa, como a pipa cortada, a corrida de rolimã ganha, o iô-iô mais legal. A leitura me recompensava com o quê naquela época? Nada. Não havia sentido para aquilo.
Segundo o livro Freakonomics, de Steven Levitt, uma pessoa só faz determinada coisa se tiver o estímulo certo, se for incentivada a tal ato. Funcionamos através de incentivos. Dê o incentivo certo e conseguirá qualquer coisa, é o que diz o ditado popular. Bem, não querendo generalizar a esse ponto, mas o incentivo à leitura deve ser algo divertido para a criança. Não só na escola, mas em casa os pais também devem criar uma maneira de incentivar seus filhos a lerem, e se seus filhos já lêem com frequência, que os pais criem um estímulo para eles lerem mais. Não deve ser só a recompensa bruta como pagamento, seja em brinquedos ou dinheiro, pois aí teríamos pequenos mercenários e não leitores por opção. A leitura deveria ser algo divertido de se fazer, competitivo e, é claro, com uma recompensa no final, pois criança também quer o seu pagamento.
A leitura faz muita falta nesse mundo com vagas de empregos abertas por falta de gente qualificada. Gente que não se interessa em estudar, porque estudar demanda ler. Isso vale para as demais matérias, onde a base é a leitura. Poderíamos criar esse incentivo com a idéia semelhante a do broche, que é algo fácil, barato e que consegue atingir o objetivo de manter o aluno lendo por diversão. Assim, em alguns anos poderíamos ter um Brasil menos agressivo, menos estúpido, menos covarde, mais competitivo, mais questionador, mais qualificado para enfrentar um mundo globalizado, cada vez mais restrito a profissionais superqualificados. Vamos vender essa idéia. O lucro certamente será repartido entre todos.
A leitura faz muita falta nesse mundo com vagas de empregos abertas por falta de gente qualificada. Gente que não se interessa em estudar, porque estudar demanda ler. Isso vale para as demais matérias, onde a base é a leitura. Poderíamos criar esse incentivo com a idéia semelhante a do broche, que é algo fácil, barato e que consegue atingir o objetivo de manter o aluno lendo por diversão. Assim, em alguns anos poderíamos ter um Brasil menos agressivo, menos estúpido, menos covarde, mais competitivo, mais questionador, mais qualificado para enfrentar um mundo globalizado, cada vez mais restrito a profissionais superqualificados. Vamos vender essa idéia. O lucro certamente será repartido entre todos.