terça-feira, 9 de setembro de 2008

O bóson de quem?

Amanhã dia 09 de setembro de 2008 será inaugurado o maior acelerador de partículas já produzido pelo homem. Enterrado a uma profundidade de 100 metros na fronteira entre a França e a Suíça, o LHC (Large Hadron Collider) será iniciado para tentar decifrar mais alguns mistérios da Física, ciência esta que tem por definição procurar num quarto escuro um gato preto que não está lá. A maioria das pessoas não faz a menor idéia do que seria um acelerador de partículas, muito menos os benefícios que o LHC pode trazer a todos nós. Desde que o homem foi feito, existe uma curiosidade em descobrir os mistérios de Deus, observando a natureza e como as coisas funcionam. O ápice desse século chega agora com as atividades desse monstro tecnológico que passará a colidir algumas particulas em busca de respostas práticas às teorias postuladas pela física moderna. O LHC levou dezenove anos para ser construído e envolve sete mil cientistas em suas pesquisas. Tá, mas o que o LHC está procurando de fato?

Existe uma teoria chamada Modelo Padrão, que tenta explicar as particulas fundamentais que formam o universo combinando a Teoria da Relatividade de Einstein e a Teoria Quântica. Uma das averiguações que se busca realizar neste Modelo Padrão é a existência de uma partícula chamada bóson de Higgs. O bóson de Higgs é uma partícula teórica que tenta responder a algumas perguntas como: Por que a matéria tem massa? Por que o neutrino não tem massa? Por que um tipo de partícula tem massa e outro não? Antes se pensava que o átomo era a menor unidade que se poderia chegar, indivisível. Logo depois esse átomo foi desmontado em particulas ainda menores, chegando a 16 partículas fundamentais, os tijolos que constróem o átomo, que se subclassificam em 12 partículas de matéria e 4 partículas portadoras de força. O grande problema é que se analisadas individualmente, essas partículas não tem massa. Nenhuma delas. Então, o que dá a “materialidade” da matéria? É aí que entra o Modelo Padrão dizendo o seguinte: Existe uma partícula fundamental que explica como a massa se expressa entre essas energias. Essa partícula foi chamada de bóson de Higgs: Bóson em homenagem ao físico indiano Satyendra Nath Bose, nascido em 1894 e morto em 1974, que contribuiu para a compreensão do comportamento das partículas que tem tendência de se agrupar no estado de menor energia possível; E Higgs é o sobrenome de Peter Higgs, cientista escocês da Universidade de Endinburgo que postulou a teoria há 40 anos. Nessa tentativa de explicar o todo, o bóson de Higgs também ficou conhecido como a partícula de Deus.

Essa busca conseguiria fundamentar a matéria que conhecemos hoje, que representa apenas 5% de todo o Universo, e esses outros 95% são chamados de materia escura, pois não fazemos a menor idéia do que consiste essa parte. A quantidade de informação gerada pelo LHC vai ser descomunal, algo em torno de 15 petabytes por ano, ou cerca de 2 milhões de DVD’s de dados. Nem os físicos sabem ao certo o que eles estão procurando, já que essa experiência é totalmente nova e ninguém sabe com certeza o que o LHC poderá produzir ao certo. Isso se dará com o tempo de analisar esse turbilhão de dados gerados e conseguir entender tudo isso. Além do Bóson de Higgs ainda buscam-se respostas para a matéria escura, a antimatéria e acreditem: Indícios de outras dimensões. Alguns cientistas acreditam que será possível com o LHC chegar mais perto do entendimento proporcionado pela Teoria das Cordas, sobre um universo de onze dimensões, onde o bloco básico da construção do universo não seriam partículas mas na verdade cordas, que vibrariam como cordas de um violão, e que de acordo com essa vibração ora se pareceriam uma coisa, como um elétron por exemplo, ora outra, como um neutrino ou outras tantas partículas. Essa teoria integraria a gravidade, ainda grande mistério, ao Modelo Padrão e talvez a resposta para sua existência ainda não comprovada estaria no LHC. Essa é a denominada “Teoria do Tudo”, que daria um entendimento real do que acontece com tudo que existe, possibilitando fechar várias lacunas teóricas e resolver muitos mistérios, como a gravidade.

Essa procura pelos mistérios do Universo nos faz pensar na beleza e perfeição do funcionamento das coisas além do nosso planeta, num universo infinito com infinitas possibilidades. Por isso não acredito que isso tudo veio do nada, do acaso, como uma grande sorte de no Big Bang termos mais matéria que antimatéria para que algo viesse a existir de fato, e da própria vida como foi formada, perfeita, chegando até o homem e seu raciocínio. Para mim existe um Deus que criou todas as coisas propositalmente e sabiamente, e nos foi revelado parcialmente através da Bíblia Sagrada. Esse Deus não pode revelar tantas coisas ao mesmo tempo, pois não teríamos como compreender tudo. Hoje talvez o homem esteja chegando a um entendimento considerado mínimo de tudo que existe comparado ao que teria a ser descoberto de fato. Esse conhecimento é parte da própria evolução lenta do indivíduo e a capacidade associativa da mente, com a utilização de ferramentas construídas por nós mesmos para facilitar essas associações, como o computador moderno e a sua capacidade de análise e armazenamento de informações. Esse Deus negado por muitos nos permite compreender alguns pedaços ínfimos de sua criação, e nos convida a um entendimento dEle próprio, nas escrituras sagradas. Então, esse Deus foi personificado em Jesus Cristo, que nos passou um grande mistério a ser ainda entendido pela humanidade: o amor. Que força seria essa? Que energia provém isso? É feito de matéria? Esse grande mistério não será descoberto no LHC. Esse mistério foi colocado dentro de nós e somente com o exercício de colocá-lo em prática poderíamos começar a entender alguns outros mistérios ainda tão distantes. A prática disto seria a imitação de quem tentou nos explicar uma vez e foi pregado num madeiro por isso. Que a ciência não tente matar a religião como a religião tentou matar a ciência nos tempos das cruzadas e movimentos bárbaros de crueldade contra o intelecto. Ambos se completam. Nós fazemos parte de um só corpo. Somos feitos da mesma coisa que compõe as estrelas. Talvez tenhamos que deixar brilhar esse sentimento um tanto apagado pelo ego para que assim, mais entendimento seja adicionado às nossas vidas. Fiat Lux![1]

[1] do latim: Haja luz!

Um comentário:

Cristiano Silva disse...

É verdade... para se encontrar com Deus, não precisa de LHC mas apenas de fé.

Existem dois aspectos que gostaria de comentar: 1. agradeço a Deus pela benção de Sua Graça, que permitiu que nos desenvolvêssemos tecnologicamente para chegar neste ponto, incluindo a construção de uma máquina destas; 2. infelizmente, este experimento não é motivado para a Glória de Deus, mas sim para a glória do homem. Quero dizer que ainda temos que aprender a conviver com a Razão e com a Fé juntas. A busca pelo conhecimento sem o amor a Deus produz só orgulho e distanciamento.

Não acho que, no futuro, na renovação das coisas, será assim. A Terra ainda se encherá de conhecimento, mas o conhecimento de Deus. Terá Fé e Razão.

Obrigado pelas informações do que significa este experimento!