
Lá fora não tem jeitinho. Lá fora funciona direito. Quase como um “cada um por si”, o brasileiro vai levando a vida preocupado com suas coisas e despreocupado com quem ocupa o governo. Pelo pensamento de que “rouba mas faz”, “não é da minha conta”, “todos são iguais mesmos”, etc, etc, mergulhamos num profundo oceano de espertos que querem se dar bem e mamar nas tetas da pátria, às custas de otários que pagam seus impostos no final do mês. Percebo que a maioria que paga esse imposto se importa sim com o voto, porém o Brasil é composto pela maioria que não paga esse imposto, logo não se importa. Ou não paga porque sonega ou não paga porque é isento. E o recheio da bolacha é pressionado dos dois lados, do rico e do pobre, e tenta gritar para aqueles que não querem escutar.
Talvez se conseguíssemos construir um patriotismo mínimo que nos levasse a nos importarmos com o que acontece na nossa rua, no nosso bairro, na nossa cidade, no estado e país, talvez assim teríamos a coragem de cobrar de quem está pouco se importando. Talvez falaríamos àquele que achou um papel no chão de um candidato e votou neste para não fazer mais isso. Talvez não aceitaríamos votar em nosso parente sabendo que este só quer se dar bem, e deixaríamos isso claro para ele. O governo teria realmente que fazer a parte dele. Recentemente saiu uma matéria na Folha sobre uma pesquisa apontando que 42% dos jovens brasileiros sairiam do país. Quase a metade gostaria de se sujeitar a um subtrabalho com a oportunidade de estudar e trabalhar em outro país. Aqui não há emprego para determinadas profissões, e quando existem os salários são pífios. Não há incentivo do governo, nem nunca houve, e se mantivermos o nível dos políticos que lá estão, nunca haverá. Por isso devemos nos importar e cuidar bem do nosso voto.
Essa importância viria se nos sentíssemos pertencentes a algo ou que algo nos pertencesse. Se isso fosse nosso, brigaríamos. Se alguém mexer no meu carro eu vou me importar. Ele é meu, e suei para tê-lo. Se o Brasil fosse meu (se sentisse que fosse), eu iria me importar também. Teríamos então que constituir uma sociedade mais apegada a valores que hoje são cafonas, coisa de americano, perda de tempo. Os americanos sim constituem uma ordem de importância ao seu país. Cobram daquele que transgride, o denegridor, cobrando dele e isolando-o em muitos casos. Aqui os bons exemplos são contrários à ordem. O “esperto” é o perspicaz. O que engana é o inteligente. O que rouba, rouba mas faz. O que trafica, agrega seguidores e ganha a mulherada.
Valores tortos vindo de uma escola podre, ou da ausência desta. Ricos, pobres, classe média, todos querendo enxergar seus umbigos não podem levar isso aqui à Ordem e Progresso que estampa o símbolo nacional. Vamos tentar construir um patriotismo mínimo. O país não tem culpa, o povo sim. Por muitas vezes penso em ir embora daqui. Deixar isso para os podres, os desonestos e os que não se importam. Mas penso em minha família e amigos que deixaria. Penso que deixaria o próprio país, me acovardando diante da situação. Que a frase “sou brasileiro e não desisto nunca...” não seja agregada com a terminação “... de um dia viver longe daqui.” Faça sua parte. Incite outros a fazerem também. Seja honesto. Não é ser bobo, é ser gente. Não faça errado porque todos fazem. Tenha personalidade. Assuma o risco. Seja taxado de bobo sim, e daí? Quem te taxou? Que importância ele tem? Fazendo o seu, talvez haja espaço para o outro fazer também. Um exemplo vale por muitas teorias. Talvez aquele que tenha te taxado olhe a sua volta e perceba um monte de caras feias em sua direção. Então ele vai começar a fazer o certo, porque é o que os outros fazem. Os que não tem personalidade seguem a manada. Que esta manada dê o exemplo então.
Um comentário:
Muito bom cara, é isso aí! Temos que ter um verdadeiro sentido de patriotismo, baseado em ética e moral, senão este país não vai para frente nunca! Mesmo que existam pessoas que taxam as outras de "bobas"; uma sociedade boa não se constrói com elas.
"Eu não me preocupo com o grito dos maus, mas sim com o silêncio dos bons", Martin Luther King Jr.
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