- Filho, o papai vai lhe contar agora sobre o mundo profissional. Você já sabe o que vai querer ser quando crescer?
- Sim pai, vou querer ser engenheiro, igual ao senhor.
- Filho, se eu puder lhe dar um conselho, desista dessa idéia.
- Por que, papai? Ser engenheiro é tão ruim assim?
- Não, filho. Claro que não. Papai gosta muito de ser engenheiro. Só que eu vou te explicar sobre o mundo empresarial, e o que você vai enfrentar ao ser um empregado. As empresas eram constituídas com dois grupos de funcionários, os que mandavam e os que executavam. Hoje em dia elas são constituídas também com dois grupos, porém agora são os que fazem e os que não fazem. Os que fazem geralmente são os que não mandam e os que mandam geralmente são os que não fazem. Não que não fazem o trabalho a ser executado, pois isso deve ser feito realmente pelos que executam, mas não fazem seu próprio trabalho como mandantes.
Os supostos líderes, meu filho, hoje em dia, estão preocupados em irem trabalhar bonitos, de terno e gravata para impressionar as mulherers do escritório, e geralmente não conhecem nada do negócio da empresa e muito menos a sua equipe. Eles chegam, mandam alguns e-mails, cobram algumas coisas básicas e vão embora no final do expediente, quando não precisam fazer umas horas a mais por pura política, é claro. Aliás, meu filho, que domina um negócio chamado política vai estar sempre empregado, seja bom ou mau profissional. O funcionário que é político, gosta de conversar com todos, só arruma amizades que possam lhe render algo material e financeiro e prezam muito as aparências. Para eles, o mais importante é “parecer ser” ou fazer de conta que é ou que sabe. Sempre estarão nas suas baias ou salas do escritório sorrindo ao telefone. Existe também o reclamão. Estes estão sempre ferrados, com o perdão da palavra. Eles reclamam muito, e muitas vezes tem razão, porém nada vai mudar. O que não faz vai continuar não fazendo. E o reclamão vai levar a bronca de reclamar demais. Muitos que reclamam porém também estão no grupo dos que não fazem, e reclamam para poder não fazer mais ainda.
Filho, a grande maioria das pessoas gostam de ter um emprego bom, de ganhar um bom dinheiro no fim do mês, de comprar coisas e gostam de se esquecer que para isso deveriam fazer valer seu salário. Nosso país está uma porcaria tão grande que qualquer Zé Mané com um diploma ou certificado consegue um bom emprego. E aí ficam lá na empresa, como sangue-sugas, atrás do salário e prêmios, e não estão muito a fim de trabalhar. Pró-atividade é para um grupo de pessoas muito restritas, filho.
- Mas pai, e os que fazem? Quem são eles?
- Ah filho... Os que fazem... Vou lhe falar sobre os que fazem. Eles geralmente são legais. Porém são extremamente atarefados. Alguns por medo de perder o emprego por não terem muita qualificação e empregabilidade, não passam quase nada do seu trabalho, mesmo quando isso é necessário. Quando passam o que sabem normalmente é com má vontade e pela metade, para que o outro erre e eles possam consertar depois, aumentando as chances de permanecerem no emprego. Outro grupo dos que fazem são realmente bons, sabem seu trabalho, se empenham na empresa e conhecem não só sua atividade, mas tem uma visão macro da empresa. São competentes e geralmente são vistos como talentosos. Outros são tudo isso menos serem vistos, e aí se frustam e deixam isso de fazer as coisas. Percebem que dali onde estão não vão conseguir ir para nenhum outro lugar e acabam se acostumando com a idéia de ser alguém que não faz. Porém sabem que no fundo de sua consciência estão muito desanimados com isso.
- Mas pai, então não existe felicidade na vida profissional? Todos são frustrados ou enganadores?
- Não filho, claro que não. Existem alguns que são muito felizes, mesmo sendo enganadores. Aliás, esses são os mais “felizes”. Ganham bem, tem emprego bom, dão risada o dia todo só que não fazem nada. Sempre empurram seu trabalho com a barriga ou passam para alguém, caso sejam os que mandam. Muitos gerentes de hoje, filho, seriam facilmente substituídos com uma boa regra de Outlook, pois só sabem direcionar o problema ou os próprios e-mails. E alguns funcionários que também gostam de não fazer nada passando o problema pra frente, alegando que aquilo não é com ele, são muito felizes naquela vidinha. Se o papai pode lhe dar então o conselho, monte seu próprio negócio. Trabalhe para você. Seja uma pessoa que realmente faz e acontece, mas focado no seu próprio negócio. Se você for um funcionário, sendo dos que não fazem nada, você vai ser um como qualquer outro. Se você quer fazer a diferença e ser um que faz, você vai estar sempre sobrecarregado de coisas e sem tempo para nada, nem para a própria vida pessoal. Mas ao passo que se você montar seu próprio negócio, o prazer em trabalhar vai fazer você se esforçar para aquilo que é seu, com as suas regras. Depois, quando você atingir o suficiente no seu entender, vai poder desfrutar de sua vida pessoal e deixar que pessoas trabalhem para você, mantendo sua renda. Aí você não vai estar preocupado com os que fazem ou os que não fazem, porque você já vai ter um bom rendimento e nem quer mais esquentar a cabeça com isso. Salvo algumas exceções, esse é o padrão da maioria dos casos.
- Tá pai, entendi. Mas porque então o senhor não montou seu próprio negócio, e parou de ser um dos que fazem ou não fazem na empresa aí que o senhor trabalha?
- ... filho, o papai tem que desligar agora. Depois a gente termina a conversa quando o papai chegar em casa, tá? Um beijo.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
terça-feira, 14 de outubro de 2008
A leitura nossa de cada.
Quando eu era criança, gostava de soltar pipa, de carrinho de rolimã, de iô-iô, de álbum de figurinhas. Gostava de subir em árvores para roubar goiaba do vizinho. De uma coisa eu não me lembro de ter gostado: De ler livros. Gostava muito de gibis, principalmente da Turma da Mônica, mas nunca me interessei pelos livros quando pequeno. Odiava ser obrigado a ler um determinado livro para uma determinada prova. Português era minha matéria mais odiada, embora a professora fosse muito legal. Cresci e vi o quão importante a leitura se tornou para a minha vida. Hoje posso afirmar com certeza que ler é meu hobbie preferido. Sinto falta de ler e todas as noites, mesmo com muito sono, ainda pego um livro para ler algumas poucas páginas até que meus olhos se dão por vencidos.
Esses dias estava conversando com um colega de trabalho, o qual comentava de um amigo seu que morava na Califórnia. Esse amigo tinha uma filha de seis anos, nascida lá nos Estados Unidos que cursava uma escola local. Existia uma biblioteca nessa escola que a cada livro lido o aluno ganhava o direito de fazer uma prova num dos cinco terminais de computador presentes em cada uma das salas de aula. Nesta prova, se o aluno acertasse 80% das perguntas sobre o livro que leu, ele acumulava um determinado número de pontos, que variava de acordo com a nota. de 80% a 100% de acertos. Esse número de pontos acumulados dava o direito a um broche, que os alunos pregavam em suas mochilas e isso lhes davam um certo “status” entre seus amiguinhos. A filha do amigo do meu colega estava lendo muito para tentar alcançar um outro broche com um nível superior ao que ela já possuía. Em um ano a menina leu mais de cem livros. Uma menina de seis anos, vale lembrar.
Pergunto-me por que será que aqui no Brasil as escolas, tanto particulares quanto públicas, não aplicam um determinado estímulo para a leitura. Imagino que o custo de um broche e um sistema com perguntas e respostas para o aluno não deve ser algo tão caro assim. É evidente que sem estímulo, não haverá leitura. Eu roubava goiaba pelo desafio, assim como soltava pipas pela diversão e competição. Gerava em mim um objetivo claro e uma recompensa, como a pipa cortada, a corrida de rolimã ganha, o iô-iô mais legal. A leitura me recompensava com o quê naquela época? Nada. Não havia sentido para aquilo.
Segundo o livro Freakonomics, de Steven Levitt, uma pessoa só faz determinada coisa se tiver o estímulo certo, se for incentivada a tal ato. Funcionamos através de incentivos. Dê o incentivo certo e conseguirá qualquer coisa, é o que diz o ditado popular. Bem, não querendo generalizar a esse ponto, mas o incentivo à leitura deve ser algo divertido para a criança. Não só na escola, mas em casa os pais também devem criar uma maneira de incentivar seus filhos a lerem, e se seus filhos já lêem com frequência, que os pais criem um estímulo para eles lerem mais. Não deve ser só a recompensa bruta como pagamento, seja em brinquedos ou dinheiro, pois aí teríamos pequenos mercenários e não leitores por opção. A leitura deveria ser algo divertido de se fazer, competitivo e, é claro, com uma recompensa no final, pois criança também quer o seu pagamento.
A leitura faz muita falta nesse mundo com vagas de empregos abertas por falta de gente qualificada. Gente que não se interessa em estudar, porque estudar demanda ler. Isso vale para as demais matérias, onde a base é a leitura. Poderíamos criar esse incentivo com a idéia semelhante a do broche, que é algo fácil, barato e que consegue atingir o objetivo de manter o aluno lendo por diversão. Assim, em alguns anos poderíamos ter um Brasil menos agressivo, menos estúpido, menos covarde, mais competitivo, mais questionador, mais qualificado para enfrentar um mundo globalizado, cada vez mais restrito a profissionais superqualificados. Vamos vender essa idéia. O lucro certamente será repartido entre todos.
A leitura faz muita falta nesse mundo com vagas de empregos abertas por falta de gente qualificada. Gente que não se interessa em estudar, porque estudar demanda ler. Isso vale para as demais matérias, onde a base é a leitura. Poderíamos criar esse incentivo com a idéia semelhante a do broche, que é algo fácil, barato e que consegue atingir o objetivo de manter o aluno lendo por diversão. Assim, em alguns anos poderíamos ter um Brasil menos agressivo, menos estúpido, menos covarde, mais competitivo, mais questionador, mais qualificado para enfrentar um mundo globalizado, cada vez mais restrito a profissionais superqualificados. Vamos vender essa idéia. O lucro certamente será repartido entre todos.
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sábado, 4 de outubro de 2008
A Vaquinha Malhada
Malhada era uma vaquinha que vivia no interior. Seu sonho era um dia ir para a cidade, montar uma fábrica de leite onde teria seu negócio próprio. Não queria mais trabalhar para os outros, pois achava uma perda de tempo. Suas amigas, porém, se contentavam com aquela vida, e sempre escolhiam o ordenhador como funcionário do mês, embora só existisse um ordenhador para todo o sítio. Quando malhada expunha suas idéias para as amigas, era muito comum ouvir palavras desestimulantes, seguidas de um “para quê isso?” e muitas vezes com algumas frases “ela nunca está contente com nada”. Malhada estava contente, mas não realizada. Sentia que faltava algo a mais e sua vida ali não iria mudar. A eleição do ordenhador do mês já tinha dado o que falar. Ela sempre brigava com as amigas para que não escolhessem o Seu Zé como ordenhador, pois ele sempre machucava as vacas e não tinha o menor interesse em melhorar, fora os outros problemas que ele tinha. As amigas de Malhada não ouviam muito e se contentavam em apenas serem ordenhadas todos os dias, mesmo que as formas eram toscas.
Malhada não acreditava naquela passividade e tentava de todas as formas convencer suas amigas a não ficarem felizes com o Seu Zé, obrigando o dono do sítio, o Doutor Manoel Carlos, a trocá-lo por alguém mais disposto, mais feliz com sua ocupação e que faria jus a seu emprego. As meninas, entretanto, riam dela e falavam que não iria adiantar nada mostrar seu descontentamento para com quem estava agora no comando, pois de nada iria mudar nem adiantar. Malhada ficava desolada e sabia que sozinha era voto vencido. Não queria ir embora dali, pois gostava daquele pasto. Gostava da casa do sítio e das suas amigas que viviam com ela.
Tentou algumas explicações longas sobre como o serviço deveria ser, sobre como elas deveriam ser tratadas. Seus longos discursos só serviam para aumentar o sono das amigas, e muitas vezes elas preferiam nem ouvir, saindo de fininho quando Malhada começava a ladainha. Um belo dia chegou uma nova vaca no sítio, jovem ainda, chamada Jocasta. Suas idéias eram parecidas com as de Malhada, e ficaram muito amigas, discutindo assuntos que antes eram desanimadores para Malhada e agora despertava o interesse da nova moradora do sítio. Concordavam inclusive na escolha do novo ordenhador, que deveria ser feita. Jocasta sentiu o mesmo desafeto pelo Seu Zé, e ficou evidente para ela que ele não cumpria com suas funções, e ainda não tratava as vacas com o devido respeito. Agora eram duas vozes que queriam mudar. A esperança renasceu no coração de Malhada, com uma aliada forte que despertava o interesse das amigas. Fizeram o que fizeram e conseguiram convencer que deveria haver uma eleição. Aquele seria o primeiro passo para que todas pudessem votar em escolher ou não Seu Zé como funcionário do mês.
A campanha começou um mês antes das eleições. Malhada e Jocasta faziam muitas palestras para convencer todas as outras vacas em que era preciso uma mudança, era preciso avançar para o futuro e exigir seus direitos. Não queriam mais aquela vida torpe de destrato, de atrasos na ração, de horários tresloucados, e de todos os problemas que enfrentavam com o Seu Zé, que para elas já deveria ter sido mandado embora, porque elas sabiam e já tinham visto ele roubando o Doutor Manoel Carlos, levando um “por fora” em suas negociações com os produtos do sítio. O dia da votação chegou e todas estavam animadas. Todas votariam SIM ou NÃO para a permanência do Seu Zé. A vaca mais velha da turma, a dona Clotilde, seria a responsável pela contagem dos votos. Então, após alguns minutos de votação deu-se a contagem. Quantidade de NÃO: Dois votos. Quantidade de SIM: quatorze votos. Em branco: Sete votos. Malhada não podia acreditar. Ela e Jocasta ficaram perplexas. Somente as duas votaram NÃO! Aquilo era um absurdo. Teriam que conviver com Seu Zé por ignorância da maioria, que preferia não fazer nada a tomar as rédeas de suas vidas em benefício próprio. Abalada, Malhada se afastou e ficou olhando o horizonte, absorta em pensamentos. Jocasta se aproximou lentamente, sentindo também uma profunda derrota estampada na cara. Ficaram as duas ali desoladas e só restava a Malhada ir mesmo para a cidade, tentar uma vida nova, longe da casa que gostava, do sítio, das amigas. Não conseguiu convencer ninguém, que agora riam dela às escondidas, chamando-a de sonhadora. No final, soube que a vida consiste em fazer a sua parte, e que também todos sofriam pela decisão da maioria. No final das contas, eram todas gado.
Malhada não acreditava naquela passividade e tentava de todas as formas convencer suas amigas a não ficarem felizes com o Seu Zé, obrigando o dono do sítio, o Doutor Manoel Carlos, a trocá-lo por alguém mais disposto, mais feliz com sua ocupação e que faria jus a seu emprego. As meninas, entretanto, riam dela e falavam que não iria adiantar nada mostrar seu descontentamento para com quem estava agora no comando, pois de nada iria mudar nem adiantar. Malhada ficava desolada e sabia que sozinha era voto vencido. Não queria ir embora dali, pois gostava daquele pasto. Gostava da casa do sítio e das suas amigas que viviam com ela.
Tentou algumas explicações longas sobre como o serviço deveria ser, sobre como elas deveriam ser tratadas. Seus longos discursos só serviam para aumentar o sono das amigas, e muitas vezes elas preferiam nem ouvir, saindo de fininho quando Malhada começava a ladainha. Um belo dia chegou uma nova vaca no sítio, jovem ainda, chamada Jocasta. Suas idéias eram parecidas com as de Malhada, e ficaram muito amigas, discutindo assuntos que antes eram desanimadores para Malhada e agora despertava o interesse da nova moradora do sítio. Concordavam inclusive na escolha do novo ordenhador, que deveria ser feita. Jocasta sentiu o mesmo desafeto pelo Seu Zé, e ficou evidente para ela que ele não cumpria com suas funções, e ainda não tratava as vacas com o devido respeito. Agora eram duas vozes que queriam mudar. A esperança renasceu no coração de Malhada, com uma aliada forte que despertava o interesse das amigas. Fizeram o que fizeram e conseguiram convencer que deveria haver uma eleição. Aquele seria o primeiro passo para que todas pudessem votar em escolher ou não Seu Zé como funcionário do mês.
A campanha começou um mês antes das eleições. Malhada e Jocasta faziam muitas palestras para convencer todas as outras vacas em que era preciso uma mudança, era preciso avançar para o futuro e exigir seus direitos. Não queriam mais aquela vida torpe de destrato, de atrasos na ração, de horários tresloucados, e de todos os problemas que enfrentavam com o Seu Zé, que para elas já deveria ter sido mandado embora, porque elas sabiam e já tinham visto ele roubando o Doutor Manoel Carlos, levando um “por fora” em suas negociações com os produtos do sítio. O dia da votação chegou e todas estavam animadas. Todas votariam SIM ou NÃO para a permanência do Seu Zé. A vaca mais velha da turma, a dona Clotilde, seria a responsável pela contagem dos votos. Então, após alguns minutos de votação deu-se a contagem. Quantidade de NÃO: Dois votos. Quantidade de SIM: quatorze votos. Em branco: Sete votos. Malhada não podia acreditar. Ela e Jocasta ficaram perplexas. Somente as duas votaram NÃO! Aquilo era um absurdo. Teriam que conviver com Seu Zé por ignorância da maioria, que preferia não fazer nada a tomar as rédeas de suas vidas em benefício próprio. Abalada, Malhada se afastou e ficou olhando o horizonte, absorta em pensamentos. Jocasta se aproximou lentamente, sentindo também uma profunda derrota estampada na cara. Ficaram as duas ali desoladas e só restava a Malhada ir mesmo para a cidade, tentar uma vida nova, longe da casa que gostava, do sítio, das amigas. Não conseguiu convencer ninguém, que agora riam dela às escondidas, chamando-a de sonhadora. No final, soube que a vida consiste em fazer a sua parte, e que também todos sofriam pela decisão da maioria. No final das contas, eram todas gado.
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segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Os Deputados Somos Nozes
A etimologia da palavra "senado" nos remete à Roma Antiga; vem do latim senatus, a "assembléia dos anciões". Já a palavra "deputado" vem de deputatus, que significa "designado para purificar ou resolver uma situação". Não vou escrever o que estou pensando pois acredito que o(a) leitor(a) esteja pensando o mesmo que eu; e sim, trata-se da mesma raiz da palavra.
Historicamente, os deputados são os representantes do povo e devem expressar sua vontade e agir como tal. E comportam-se de maneira idêntica à maneira que parte significativa do povo agiria: enriquecendo ilicitamente, gozando de informação privilegiada, prevaricando e sendo nepotista.
Da mesma forma, assim como os seus representados, muitos são ignorantes. Alguns candidatos que foram submetidos aos testes da Justiça Eleitoral para comprovar a capacidade de ler, escrever e interpretar, continuam na disputa, mesmo tendo respondido alguns absurdos nas provas.
Historicamente, os deputados são os representantes do povo e devem expressar sua vontade e agir como tal. E comportam-se de maneira idêntica à maneira que parte significativa do povo agiria: enriquecendo ilicitamente, gozando de informação privilegiada, prevaricando e sendo nepotista.
Da mesma forma, assim como os seus representados, muitos são ignorantes. Alguns candidatos que foram submetidos aos testes da Justiça Eleitoral para comprovar a capacidade de ler, escrever e interpretar, continuam na disputa, mesmo tendo respondido alguns absurdos nas provas.
A câmara e a assembléia são uma imagem do povo. Quer melhorar o quadro político? Comece melhorando a si mesmo. Afinal, no fundo, os deputados somos nozes.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
O bóson de quem?
Amanhã dia 09 de setembro de 2008 será inaugurado o maior acelerador de partículas já produzido pelo homem. Enterrado a uma profundidade de 100 metros na fronteira entre a França e a Suíça, o LHC (Large Hadron Collider) será iniciado para tentar decifrar mais alguns mistérios da Física, ciência esta que tem por definição procurar num quarto escuro um gato preto que não está lá. A maioria das pessoas não faz a menor idéia do que seria um acelerador de partículas, muito menos os benefícios que o LHC pode trazer a todos nós. Desde que o homem foi feito, existe uma curiosidade em descobrir os mistérios de Deus, observando a natureza e como as coisas funcionam. O ápice desse século chega agora com as atividades desse monstro tecnológico que passará a colidir algumas particulas em busca de respostas práticas às teorias postuladas pela física moderna. O LHC levou dezenove anos para ser construído e envolve sete mil cientistas em suas pesquisas. Tá, mas o que o LHC está procurando de fato?
Existe uma teoria chamada Modelo Padrão, que tenta explicar as particulas fundamentais que formam o universo combinando a Teoria da Relatividade de Einstein e a Teoria Quântica. Uma das averiguações que se busca realizar neste Modelo Padrão é a existência de uma partícula chamada bóson de Higgs. O bóson de Higgs é uma partícula teórica que tenta responder a algumas perguntas como: Por que a matéria tem massa? Por que o neutrino não tem massa? Por que um tipo de partícula tem massa e outro não? Antes se pensava que o átomo era a menor unidade que se poderia chegar, indivisível. Logo depois esse átomo foi desmontado em particulas ainda menores, chegando a 16 partículas fundamentais, os tijolos que constróem o átomo, que se subclassificam em 12 partículas de matéria e 4 partículas portadoras de força. O grande problema é que se analisadas individualmente, essas partículas não tem massa. Nenhuma delas. Então, o que dá a “materialidade” da matéria? É aí que entra o Modelo Padrão dizendo o seguinte: Existe uma partícula fundamental que explica como a massa se expressa entre essas energias. Essa partícula foi chamada de bóson de Higgs: Bóson em homenagem ao físico indiano Satyendra Nath Bose, nascido em 1894 e morto em 1974, que contribuiu para a compreensão do comportamento das partículas que tem tendência de se agrupar no estado de menor energia possível; E Higgs é o sobrenome de Peter Higgs, cientista escocês da Universidade de Endinburgo que postulou a teoria há 40 anos. Nessa tentativa de explicar o todo, o bóson de Higgs também ficou conhecido como a partícula de Deus.
Essa busca conseguiria fundamentar a matéria que conhecemos hoje, que representa apenas 5% de todo o Universo, e esses outros 95% são chamados de materia escura, pois não fazemos a menor idéia do que consiste essa parte. A quantidade de informação gerada pelo LHC vai ser descomunal, algo em torno de 15 petabytes por ano, ou cerca de 2 milhões de DVD’s de dados. Nem os físicos sabem ao certo o que eles estão procurando, já que essa experiência é totalmente nova e ninguém sabe com certeza o que o LHC poderá produzir ao certo. Isso se dará com o tempo de analisar esse turbilhão de dados gerados e conseguir entender tudo isso. Além do Bóson de Higgs ainda buscam-se respostas para a matéria escura, a antimatéria e acreditem: Indícios de outras dimensões. Alguns cientistas acreditam que será possível com o LHC chegar mais perto do entendimento proporcionado pela Teoria das Cordas, sobre um universo de onze dimensões, onde o bloco básico da construção do universo não seriam partículas mas na verdade cordas, que vibrariam como cordas de um violão, e que de acordo com essa vibração ora se pareceriam uma coisa, como um elétron por exemplo, ora outra, como um neutrino ou outras tantas partículas. Essa teoria integraria a gravidade, ainda grande mistério, ao Modelo Padrão e talvez a resposta para sua existência ainda não comprovada estaria no LHC. Essa é a denominada “Teoria do Tudo”, que daria um entendimento real do que acontece com tudo que existe, possibilitando fechar várias lacunas teóricas e resolver muitos mistérios, como a gravidade.
Essa procura pelos mistérios do Universo nos faz pensar na beleza e perfeição do funcionamento das coisas além do nosso planeta, num universo infinito com infinitas possibilidades. Por isso não acredito que isso tudo veio do nada, do acaso, como uma grande sorte de no Big Bang termos mais matéria que antimatéria para que algo viesse a existir de fato, e da própria vida como foi formada, perfeita, chegando até o homem e seu raciocínio. Para mim existe um Deus que criou todas as coisas propositalmente e sabiamente, e nos foi revelado parcialmente através da Bíblia Sagrada. Esse Deus não pode revelar tantas coisas ao mesmo tempo, pois não teríamos como compreender tudo. Hoje talvez o homem esteja chegando a um entendimento considerado mínimo de tudo que existe comparado ao que teria a ser descoberto de fato. Esse conhecimento é parte da própria evolução lenta do indivíduo e a capacidade associativa da mente, com a utilização de ferramentas construídas por nós mesmos para facilitar essas associações, como o computador moderno e a sua capacidade de análise e armazenamento de informações. Esse Deus negado por muitos nos permite compreender alguns pedaços ínfimos de sua criação, e nos convida a um entendimento dEle próprio, nas escrituras sagradas. Então, esse Deus foi personificado em Jesus Cristo, que nos passou um grande mistério a ser ainda entendido pela humanidade: o amor. Que força seria essa? Que energia provém isso? É feito de matéria? Esse grande mistério não será descoberto no LHC. Esse mistério foi colocado dentro de nós e somente com o exercício de colocá-lo em prática poderíamos começar a entender alguns outros mistérios ainda tão distantes. A prática disto seria a imitação de quem tentou nos explicar uma vez e foi pregado num madeiro por isso. Que a ciência não tente matar a religião como a religião tentou matar a ciência nos tempos das cruzadas e movimentos bárbaros de crueldade contra o intelecto. Ambos se completam. Nós fazemos parte de um só corpo. Somos feitos da mesma coisa que compõe as estrelas. Talvez tenhamos que deixar brilhar esse sentimento um tanto apagado pelo ego para que assim, mais entendimento seja adicionado às nossas vidas. Fiat Lux![1]
[1] do latim: Haja luz!
Existe uma teoria chamada Modelo Padrão, que tenta explicar as particulas fundamentais que formam o universo combinando a Teoria da Relatividade de Einstein e a Teoria Quântica. Uma das averiguações que se busca realizar neste Modelo Padrão é a existência de uma partícula chamada bóson de Higgs. O bóson de Higgs é uma partícula teórica que tenta responder a algumas perguntas como: Por que a matéria tem massa? Por que o neutrino não tem massa? Por que um tipo de partícula tem massa e outro não? Antes se pensava que o átomo era a menor unidade que se poderia chegar, indivisível. Logo depois esse átomo foi desmontado em particulas ainda menores, chegando a 16 partículas fundamentais, os tijolos que constróem o átomo, que se subclassificam em 12 partículas de matéria e 4 partículas portadoras de força. O grande problema é que se analisadas individualmente, essas partículas não tem massa. Nenhuma delas. Então, o que dá a “materialidade” da matéria? É aí que entra o Modelo Padrão dizendo o seguinte: Existe uma partícula fundamental que explica como a massa se expressa entre essas energias. Essa partícula foi chamada de bóson de Higgs: Bóson em homenagem ao físico indiano Satyendra Nath Bose, nascido em 1894 e morto em 1974, que contribuiu para a compreensão do comportamento das partículas que tem tendência de se agrupar no estado de menor energia possível; E Higgs é o sobrenome de Peter Higgs, cientista escocês da Universidade de Endinburgo que postulou a teoria há 40 anos. Nessa tentativa de explicar o todo, o bóson de Higgs também ficou conhecido como a partícula de Deus.
Essa busca conseguiria fundamentar a matéria que conhecemos hoje, que representa apenas 5% de todo o Universo, e esses outros 95% são chamados de materia escura, pois não fazemos a menor idéia do que consiste essa parte. A quantidade de informação gerada pelo LHC vai ser descomunal, algo em torno de 15 petabytes por ano, ou cerca de 2 milhões de DVD’s de dados. Nem os físicos sabem ao certo o que eles estão procurando, já que essa experiência é totalmente nova e ninguém sabe com certeza o que o LHC poderá produzir ao certo. Isso se dará com o tempo de analisar esse turbilhão de dados gerados e conseguir entender tudo isso. Além do Bóson de Higgs ainda buscam-se respostas para a matéria escura, a antimatéria e acreditem: Indícios de outras dimensões. Alguns cientistas acreditam que será possível com o LHC chegar mais perto do entendimento proporcionado pela Teoria das Cordas, sobre um universo de onze dimensões, onde o bloco básico da construção do universo não seriam partículas mas na verdade cordas, que vibrariam como cordas de um violão, e que de acordo com essa vibração ora se pareceriam uma coisa, como um elétron por exemplo, ora outra, como um neutrino ou outras tantas partículas. Essa teoria integraria a gravidade, ainda grande mistério, ao Modelo Padrão e talvez a resposta para sua existência ainda não comprovada estaria no LHC. Essa é a denominada “Teoria do Tudo”, que daria um entendimento real do que acontece com tudo que existe, possibilitando fechar várias lacunas teóricas e resolver muitos mistérios, como a gravidade.
Essa procura pelos mistérios do Universo nos faz pensar na beleza e perfeição do funcionamento das coisas além do nosso planeta, num universo infinito com infinitas possibilidades. Por isso não acredito que isso tudo veio do nada, do acaso, como uma grande sorte de no Big Bang termos mais matéria que antimatéria para que algo viesse a existir de fato, e da própria vida como foi formada, perfeita, chegando até o homem e seu raciocínio. Para mim existe um Deus que criou todas as coisas propositalmente e sabiamente, e nos foi revelado parcialmente através da Bíblia Sagrada. Esse Deus não pode revelar tantas coisas ao mesmo tempo, pois não teríamos como compreender tudo. Hoje talvez o homem esteja chegando a um entendimento considerado mínimo de tudo que existe comparado ao que teria a ser descoberto de fato. Esse conhecimento é parte da própria evolução lenta do indivíduo e a capacidade associativa da mente, com a utilização de ferramentas construídas por nós mesmos para facilitar essas associações, como o computador moderno e a sua capacidade de análise e armazenamento de informações. Esse Deus negado por muitos nos permite compreender alguns pedaços ínfimos de sua criação, e nos convida a um entendimento dEle próprio, nas escrituras sagradas. Então, esse Deus foi personificado em Jesus Cristo, que nos passou um grande mistério a ser ainda entendido pela humanidade: o amor. Que força seria essa? Que energia provém isso? É feito de matéria? Esse grande mistério não será descoberto no LHC. Esse mistério foi colocado dentro de nós e somente com o exercício de colocá-lo em prática poderíamos começar a entender alguns outros mistérios ainda tão distantes. A prática disto seria a imitação de quem tentou nos explicar uma vez e foi pregado num madeiro por isso. Que a ciência não tente matar a religião como a religião tentou matar a ciência nos tempos das cruzadas e movimentos bárbaros de crueldade contra o intelecto. Ambos se completam. Nós fazemos parte de um só corpo. Somos feitos da mesma coisa que compõe as estrelas. Talvez tenhamos que deixar brilhar esse sentimento um tanto apagado pelo ego para que assim, mais entendimento seja adicionado às nossas vidas. Fiat Lux![1]
[1] do latim: Haja luz!
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quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Fiasco Olímpico
Faltando três dias para o encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim, o Brasil está no trigésimo sexto lugar do quadro geral de medalhas. Olhando para trás é possível perceber que esta é uma condição endêmica. Nas Olimpíadas de Atenas, onde o Brasil conseguiu sua melhor performance na história das jogos modernos, ele obteve apenas a décima sexta posição, atrás de países como Cuba, Grécia, Ucrânia e Romênia. Para se ter uma idéia do ridículo da performance brasileira, a décima sexta posição que lhe pertenceu em Atenas, hoje é da poderosissima Nova Zelândia. A pergunta que fica é, como um país que tem a décima economia mundial e a quinta maior população do planeta só consegue resultados pífios?
Antes de começar a descascar o pepino é importante esclarecer alguns pontos que ficam normalmente nebulosos ou são completamente esquecidos: O primeiro é o fato de que não existe nenhum tipo de equiparação entre as medalhas de ouro, prata e bronze. Assim, não importa que seu país tenha duzentas medalhas de bronze, se o outro país tem uma prata ele está em melhor colocação. Segundo, e aqui há algo realmente importante, muitas modalidades esportivas são divididas por categorias de forma que países com tradição nessas modalidades acabam arrebanhando muitas medalhas. Cuba em Atenas, por exemplo, dos nove ouros que conseguiu, cinco foram no boxe. A Romênia obteve oito ouros, quatro na ginástica artística e três no remo. Se as medalhas nessas duas modalidades fossem tiradas da Romênia, seu desempenho de oito ouros, cinco pratas e seis bronzes cairia para um ouro, duas pratas e três bronzes. O Brasil, que só tem tradição mesmo em esportes coletivos, acaba não sendo beneficiado pela divisão de categorias, uma vez que ela não existe nessas modalidades. Claro está que isto não abona o Brasil, mas ao menos ajuda a explicar como alguns países pequenos conseguem bons desempenhos nos jogos.
Agora, o pepino. O Brasil tem um povo patriota que carece de civilismo. Quando em competições internacionais ou em viagens para o exterior, o brasileiro torce e se vangloria das belezas naturais, da cultura, do povo, da tolerância. Agora, uma vez entre os seus, ele cala e se constrange. Aceita absurdos parecendo não se importar com o dia de amanhã. Assim, o amor pátrio do brasileiro é para inglês ver, porque é capenga de resultado, ufanista e não realista ou prático. Feminino, não masculino.
O que isso tem que ver com o resultado das Olimpíadas? Muita coisa, reparando nos dez países com melhor desempenho olímpico percebe-se qua excetuando-se algumas (ex-)repúblicas comunistas, todos eles são países desenvolvidos (jargão que substituiu a antiga expressão 1º mundo). Claro está que o que torna o país desenvolvido não é apenas sua riqueza, mas, especialmente, o tripé educação-esporte-cultura. Quando alicerçado sobre este fundamento qualquer país passa a se desenvolver naturalmente e, conseqüentemente, melhora seu desempenho nos jogos. E aqui está o pulo do gato, a única forma de se estabelecer sobre este fundamento é através de uma política séria e continuada. O que implicaria em abandonar o ciclo interesse-voto que se estabeleceu no país.
O interesse-voto é um sistema que privilegia o individuo em detrimento do grupo. Uma vez que o voto passa a ser usado como objeto de barganha, cada um vota naquele que trará mais vantagens a si próprio. Os eleitos por sua vez estarão comprometidos com os indivíduos que lhe concederam votos e não com as comunidades e não pensarão duas vezes antes de usar seus próprios votos para barganhar em favor próprio. Tudo se torna leilão. Veja o caso de um presidente de câmara qualquer: buscando ser eleito ele terá de oferecer mais que seus adversários, conseqüentemente, ele surrupiará mais dos cofres públicos e prestará mais favores que qualquer um dos seus oponentes. Por si só, isso o faz o pior dos candidatos. O interesse-voto pode não eleger sempre o pior candidato, mas, sem dúvida, privilegia o menos honesto.
Ainda não está clara a ligação entre o patriotismo oco do brasileiro e o péssimo desempenho olímpico? O Brasil só conseguirá um bom desempenho olímpico quando passar a privilegiar educação, esporte e cultura. Isso, por sua vez, só acontecerá quando os políticos forem comprometidos com a sociedade. O que só será possível quando o brasileiro privilegiar o coletivo em detrimento do individual, parando de vender seus votos.
Civilidade é a palavra de ordem que precisa ser ensinada aos brasileiros ainda em seus berços. A apatia e o descaso com a coisa pública precisam ser deixados para trás. Todos precisam fazer política; lutar pela preservação de direitos e a aquisição de novos, cumprir com os seus deveres, fechar as brechas. Sim, isso implica em tornar o popular jeitinho brasileiro em sinônimo de criatividade e não mais de bandalheira. Significa pagar suas multas de trânsito, não comprar produtos contrabandeados e nem fazer gato da tv à cabo. Isto é praticar civilidade. Um país melhor, precisa do melhor de seu povo. Eis o que falta para que este país comprove sua vocação de potência mundial. E, então, que venham as medalhas.
Antes de começar a descascar o pepino é importante esclarecer alguns pontos que ficam normalmente nebulosos ou são completamente esquecidos: O primeiro é o fato de que não existe nenhum tipo de equiparação entre as medalhas de ouro, prata e bronze. Assim, não importa que seu país tenha duzentas medalhas de bronze, se o outro país tem uma prata ele está em melhor colocação. Segundo, e aqui há algo realmente importante, muitas modalidades esportivas são divididas por categorias de forma que países com tradição nessas modalidades acabam arrebanhando muitas medalhas. Cuba em Atenas, por exemplo, dos nove ouros que conseguiu, cinco foram no boxe. A Romênia obteve oito ouros, quatro na ginástica artística e três no remo. Se as medalhas nessas duas modalidades fossem tiradas da Romênia, seu desempenho de oito ouros, cinco pratas e seis bronzes cairia para um ouro, duas pratas e três bronzes. O Brasil, que só tem tradição mesmo em esportes coletivos, acaba não sendo beneficiado pela divisão de categorias, uma vez que ela não existe nessas modalidades. Claro está que isto não abona o Brasil, mas ao menos ajuda a explicar como alguns países pequenos conseguem bons desempenhos nos jogos.
Agora, o pepino. O Brasil tem um povo patriota que carece de civilismo. Quando em competições internacionais ou em viagens para o exterior, o brasileiro torce e se vangloria das belezas naturais, da cultura, do povo, da tolerância. Agora, uma vez entre os seus, ele cala e se constrange. Aceita absurdos parecendo não se importar com o dia de amanhã. Assim, o amor pátrio do brasileiro é para inglês ver, porque é capenga de resultado, ufanista e não realista ou prático. Feminino, não masculino.
O que isso tem que ver com o resultado das Olimpíadas? Muita coisa, reparando nos dez países com melhor desempenho olímpico percebe-se qua excetuando-se algumas (ex-)repúblicas comunistas, todos eles são países desenvolvidos (jargão que substituiu a antiga expressão 1º mundo). Claro está que o que torna o país desenvolvido não é apenas sua riqueza, mas, especialmente, o tripé educação-esporte-cultura. Quando alicerçado sobre este fundamento qualquer país passa a se desenvolver naturalmente e, conseqüentemente, melhora seu desempenho nos jogos. E aqui está o pulo do gato, a única forma de se estabelecer sobre este fundamento é através de uma política séria e continuada. O que implicaria em abandonar o ciclo interesse-voto que se estabeleceu no país.
O interesse-voto é um sistema que privilegia o individuo em detrimento do grupo. Uma vez que o voto passa a ser usado como objeto de barganha, cada um vota naquele que trará mais vantagens a si próprio. Os eleitos por sua vez estarão comprometidos com os indivíduos que lhe concederam votos e não com as comunidades e não pensarão duas vezes antes de usar seus próprios votos para barganhar em favor próprio. Tudo se torna leilão. Veja o caso de um presidente de câmara qualquer: buscando ser eleito ele terá de oferecer mais que seus adversários, conseqüentemente, ele surrupiará mais dos cofres públicos e prestará mais favores que qualquer um dos seus oponentes. Por si só, isso o faz o pior dos candidatos. O interesse-voto pode não eleger sempre o pior candidato, mas, sem dúvida, privilegia o menos honesto.
Ainda não está clara a ligação entre o patriotismo oco do brasileiro e o péssimo desempenho olímpico? O Brasil só conseguirá um bom desempenho olímpico quando passar a privilegiar educação, esporte e cultura. Isso, por sua vez, só acontecerá quando os políticos forem comprometidos com a sociedade. O que só será possível quando o brasileiro privilegiar o coletivo em detrimento do individual, parando de vender seus votos.
Civilidade é a palavra de ordem que precisa ser ensinada aos brasileiros ainda em seus berços. A apatia e o descaso com a coisa pública precisam ser deixados para trás. Todos precisam fazer política; lutar pela preservação de direitos e a aquisição de novos, cumprir com os seus deveres, fechar as brechas. Sim, isso implica em tornar o popular jeitinho brasileiro em sinônimo de criatividade e não mais de bandalheira. Significa pagar suas multas de trânsito, não comprar produtos contrabandeados e nem fazer gato da tv à cabo. Isto é praticar civilidade. Um país melhor, precisa do melhor de seu povo. Eis o que falta para que este país comprove sua vocação de potência mundial. E, então, que venham as medalhas.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
A auto-meritocracia ilusória
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“O mundo hoje não está melhor que antigamente. Só está mais confortável”. Essa frase me fez refletir sobre o ser humano e sua relação com o mundo e consigo mesmo. No mundo de hoje, com a tecnologia reinando, a informação passando como uma grande correnteza através de hyperlinks, o consumismo na moda e o lazer profissionalizado, ainda tem-se a sensação de vazio. E como a originalidade é a arte de esconder as fontes, dizem por aí que essa fome vem da alma. A autocomiseração do indivíduo o faz trocar os valores das coisas e pessoas. Hoje, quem tem os melhores aparelhos de celular são os indivíduos da classe C. Essa idéia de “pobre de mim, trabalhei o mês inteiro e tenho o direito de comprar isso” faz com que as pessoas se afundem em dívidas infinitas e fiquem desesperadas ao se darem conta disso, fazendo-as gastar mais dinheiro ainda, com remédios, psicanalistas, mais consumismo, etc.
Passando em frente a uma favela hoje de manhã, vi um Monza estacionado em uma espécie de garagem. O indivíduo mora na favela mas tem carro. A troca de valores fica evidente quando vemos mães que fazem seus filhos pedirem esmolas nos faróis e depois vão para o pagode de noite ou alimentam seus vícios, como fumo e bebida. A pessoa passa a ser deixada de lado e a fome da carne fala mais alto. Os desejos passam a ser cada vez maiores e insaciáveis. Os sete pecados capitais já falavam disso há muito tempo, e hoje, eles estão no auge. E o pior disso tudo é que a cada dia fica pior. Quando pensamos que já vimos de tudo, vem outra desgraça acompanhada com um individualismo fútil e desgovernado que atinge os mais fracos e indefesos, como as crianças e velhos para citar os mais óbvios. Aposto que isso acontece também com você, quando seu cheque especial fica no vermelho. Comigo acontece. Existe uma “fome” que o faz gastar o que não pode. Deixemos de lado a fome do status e vamos nos concentrar em fome intrínseca. Status é fome para mostrar aos outros, onde a tradução mais clara que tive de status é comprar algo que você não precisa, com um dinheiro que você não tem, para mostrar para pessoas que você não gosta, aquilo que você não é. Vamos falar da sua fome pessoal, e não desta última. A fome pessoal exagerada, a gula nesse caso, faz o indivíduo cometer atrocidades financeiras e ainda assim permanecer com o desejo original, só mudando o problema de tamanho.
Essa fome da carne pode se estender para outras coisas, como o sexo, o roubo e o furto, a mentira, o desvio de conduta, a ira, entre outros males. De tempos em tempos a raça humana se supera em idiotice e mediocridade, como aniversário de cachorro em buffet, compras caríssimas onde não se tem o recurso, carros importados com moradias módicas, e por aí vai. De onde sai esse vazio todo?
Poderia arriscar a dizer que isso é a falta de entendimento do próprio indivíduo. As pessoas não se conhecem mais. Detestam estar sozinhas. Refugiam-se em shoppings lotados. Até mesmo no caminho para o trabalho elas preferem ficar na companhia de seus iPods do que na companhia de seus pensamentos. Não se aguentam. Não tem tempo para nada e gastam tempo com fugas da realidade. Conhecer a si mesmo também não é suficiente. É necessário o entendimento superior, do divino, para que o indivíduo mate a sua fome espiritual, e assim sacie a do corpo. A fome tresloucada pode ser saciada em meu entendimento, quando a pessoa entende que existe um Deus de amor e que esse Deus se importa com ela. É aí que existe a doação do indivíduo a esse poder numinoso que faz o impossível, retirando a mazela do vazio com um bisturi consciente e preciso, resgatando a pessoa para o amor original. Porém, voltando à frase do início, o mundo não está melhor. Jesus disse isso em Lucas 18:8 “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?”. A distância do homem de Deus aumenta seu desconforto que não pode ser saciado com os prazeres da carne. Será que teremos consciência disso um dia e será que mesmo os cristãos entenderão que devem repousar na paz de Jesus, conforme ele mesmo disse em Mateus 11:29?
Passando em frente a uma favela hoje de manhã, vi um Monza estacionado em uma espécie de garagem. O indivíduo mora na favela mas tem carro. A troca de valores fica evidente quando vemos mães que fazem seus filhos pedirem esmolas nos faróis e depois vão para o pagode de noite ou alimentam seus vícios, como fumo e bebida. A pessoa passa a ser deixada de lado e a fome da carne fala mais alto. Os desejos passam a ser cada vez maiores e insaciáveis. Os sete pecados capitais já falavam disso há muito tempo, e hoje, eles estão no auge. E o pior disso tudo é que a cada dia fica pior. Quando pensamos que já vimos de tudo, vem outra desgraça acompanhada com um individualismo fútil e desgovernado que atinge os mais fracos e indefesos, como as crianças e velhos para citar os mais óbvios. Aposto que isso acontece também com você, quando seu cheque especial fica no vermelho. Comigo acontece. Existe uma “fome” que o faz gastar o que não pode. Deixemos de lado a fome do status e vamos nos concentrar em fome intrínseca. Status é fome para mostrar aos outros, onde a tradução mais clara que tive de status é comprar algo que você não precisa, com um dinheiro que você não tem, para mostrar para pessoas que você não gosta, aquilo que você não é. Vamos falar da sua fome pessoal, e não desta última. A fome pessoal exagerada, a gula nesse caso, faz o indivíduo cometer atrocidades financeiras e ainda assim permanecer com o desejo original, só mudando o problema de tamanho.
Essa fome da carne pode se estender para outras coisas, como o sexo, o roubo e o furto, a mentira, o desvio de conduta, a ira, entre outros males. De tempos em tempos a raça humana se supera em idiotice e mediocridade, como aniversário de cachorro em buffet, compras caríssimas onde não se tem o recurso, carros importados com moradias módicas, e por aí vai. De onde sai esse vazio todo?
Poderia arriscar a dizer que isso é a falta de entendimento do próprio indivíduo. As pessoas não se conhecem mais. Detestam estar sozinhas. Refugiam-se em shoppings lotados. Até mesmo no caminho para o trabalho elas preferem ficar na companhia de seus iPods do que na companhia de seus pensamentos. Não se aguentam. Não tem tempo para nada e gastam tempo com fugas da realidade. Conhecer a si mesmo também não é suficiente. É necessário o entendimento superior, do divino, para que o indivíduo mate a sua fome espiritual, e assim sacie a do corpo. A fome tresloucada pode ser saciada em meu entendimento, quando a pessoa entende que existe um Deus de amor e que esse Deus se importa com ela. É aí que existe a doação do indivíduo a esse poder numinoso que faz o impossível, retirando a mazela do vazio com um bisturi consciente e preciso, resgatando a pessoa para o amor original. Porém, voltando à frase do início, o mundo não está melhor. Jesus disse isso em Lucas 18:8 “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?”. A distância do homem de Deus aumenta seu desconforto que não pode ser saciado com os prazeres da carne. Será que teremos consciência disso um dia e será que mesmo os cristãos entenderão que devem repousar na paz de Jesus, conforme ele mesmo disse em Mateus 11:29?
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mt.11:29
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sexta-feira, 1 de agosto de 2008
O Brasil de cada um
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Lá fora não tem jeitinho. Lá fora funciona direito. Quase como um “cada um por si”, o brasileiro vai levando a vida preocupado com suas coisas e despreocupado com quem ocupa o governo. Pelo pensamento de que “rouba mas faz”, “não é da minha conta”, “todos são iguais mesmos”, etc, etc, mergulhamos num profundo oceano de espertos que querem se dar bem e mamar nas tetas da pátria, às custas de otários que pagam seus impostos no final do mês. Percebo que a maioria que paga esse imposto se importa sim com o voto, porém o Brasil é composto pela maioria que não paga esse imposto, logo não se importa. Ou não paga porque sonega ou não paga porque é isento. E o recheio da bolacha é pressionado dos dois lados, do rico e do pobre, e tenta gritar para aqueles que não querem escutar.
Talvez se conseguíssemos construir um patriotismo mínimo que nos levasse a nos importarmos com o que acontece na nossa rua, no nosso bairro, na nossa cidade, no estado e país, talvez assim teríamos a coragem de cobrar de quem está pouco se importando. Talvez falaríamos àquele que achou um papel no chão de um candidato e votou neste para não fazer mais isso. Talvez não aceitaríamos votar em nosso parente sabendo que este só quer se dar bem, e deixaríamos isso claro para ele. O governo teria realmente que fazer a parte dele. Recentemente saiu uma matéria na Folha sobre uma pesquisa apontando que 42% dos jovens brasileiros sairiam do país. Quase a metade gostaria de se sujeitar a um subtrabalho com a oportunidade de estudar e trabalhar em outro país. Aqui não há emprego para determinadas profissões, e quando existem os salários são pífios. Não há incentivo do governo, nem nunca houve, e se mantivermos o nível dos políticos que lá estão, nunca haverá. Por isso devemos nos importar e cuidar bem do nosso voto.
Essa importância viria se nos sentíssemos pertencentes a algo ou que algo nos pertencesse. Se isso fosse nosso, brigaríamos. Se alguém mexer no meu carro eu vou me importar. Ele é meu, e suei para tê-lo. Se o Brasil fosse meu (se sentisse que fosse), eu iria me importar também. Teríamos então que constituir uma sociedade mais apegada a valores que hoje são cafonas, coisa de americano, perda de tempo. Os americanos sim constituem uma ordem de importância ao seu país. Cobram daquele que transgride, o denegridor, cobrando dele e isolando-o em muitos casos. Aqui os bons exemplos são contrários à ordem. O “esperto” é o perspicaz. O que engana é o inteligente. O que rouba, rouba mas faz. O que trafica, agrega seguidores e ganha a mulherada.
Valores tortos vindo de uma escola podre, ou da ausência desta. Ricos, pobres, classe média, todos querendo enxergar seus umbigos não podem levar isso aqui à Ordem e Progresso que estampa o símbolo nacional. Vamos tentar construir um patriotismo mínimo. O país não tem culpa, o povo sim. Por muitas vezes penso em ir embora daqui. Deixar isso para os podres, os desonestos e os que não se importam. Mas penso em minha família e amigos que deixaria. Penso que deixaria o próprio país, me acovardando diante da situação. Que a frase “sou brasileiro e não desisto nunca...” não seja agregada com a terminação “... de um dia viver longe daqui.” Faça sua parte. Incite outros a fazerem também. Seja honesto. Não é ser bobo, é ser gente. Não faça errado porque todos fazem. Tenha personalidade. Assuma o risco. Seja taxado de bobo sim, e daí? Quem te taxou? Que importância ele tem? Fazendo o seu, talvez haja espaço para o outro fazer também. Um exemplo vale por muitas teorias. Talvez aquele que tenha te taxado olhe a sua volta e perceba um monte de caras feias em sua direção. Então ele vai começar a fazer o certo, porque é o que os outros fazem. Os que não tem personalidade seguem a manada. Que esta manada dê o exemplo então.
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quinta-feira, 31 de julho de 2008
Coração, Cabeça e Estômago
Coração, Cabeça e Estômago não é uma homenagem a Camilo Castelo Branco, autor do livro homônimo. Tampouco um blog sobre anatomia. Trata-se de um lugar para publicação de textos (supostamente) inteligentes - sob a tag Cabeça; e textos viscerais - sob a tag Estômago.
E, parafraseando C. S. Lewis (in A Abolição do Homem), sob a tag Coração espera-se a magnanimidade. Pode-se até mesmo dizer que somente pelo Coração o Homem é Homem, pois pelo intelecto é apenas espírito e pelas visceras, apenas animal.
E, parafraseando C. S. Lewis (in A Abolição do Homem), sob a tag Coração espera-se a magnanimidade. Pode-se até mesmo dizer que somente pelo Coração o Homem é Homem, pois pelo intelecto é apenas espírito e pelas visceras, apenas animal.
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